RIO: UMA CIDADE CHEIA DE HISTÓRIAS
- Café Carioca
- 16 de nov. de 2020
- 2 min de leitura

Conheço o Félix há pelo menos uns 20 anos. Sempre muito simpático, carismático e bem humorado, com suas inúmeras blusas de time de futebol. Bate ponto na esquina da Ataulfo de Paiva com Carlos Góis. Nunca me pediu nada. Muito pelo contrário, sempre me ofereceu seu sorriso e sua alegria.
Saindo do metrô depois do trabalho, dei de cara com ele na praça Antero de Quental. Ofereci uma esfiha de carne e, entre uma mexida de máscara e outra, comemos o salgado apressadamente e batemos um papo rápido. O suficiente pra lembrar o quanto a vida pode ser boa e ruim. E o quanto podemos fazer desse limão, ás vezes amargo, uma super limonada suíça.
Limão, alías é o apelido do Félix de infância, na verdade o pernambucano Josenildo Félix da Silva de 60 anos."Uso todas as camisas de time que ganho, mas sou mesmo mengão." Vai logo avisando. Félix ficou paraplégico e cadeirante depois de ser atropelado por um carro em Copacabana. Ele trabalhava como entregador de flores e fazia sua última entrega do dia quando um motorista irresponsável a 100km/h, estraçalhou sua vida. "Dia 2 de julho agora fez 24 anos do acidente. Até hoje dou graças a deus de não ter ficado tetraplégico." Conta, comemorando a vida.
Morador da Gamboa, onde divide um quarto com a mulher - que quis, o destino virasse cadeirante também há dois anos - ele vem ao Leblon todos os dias. "Pego metrô e VLT. Muita gente me ajuda até hoje de coração." conta ele aposentado por invalidéz.
Depois do acidente, Félix foi atropelado mais quatro vezes. O mais grave fez com que passasse por uma cirurgia no crãnio. "Infelizmente, tem motorista que não me vê entre os carros."
Félix é exemplo de superação. "Quando estou triste, prefiro nem sasir de casa. Mas todos os dias peço a Deus forças para seguir. Bom é sorrir, inspirar as pessoas." GRATIDÃO!
por Simone Bloris
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